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O impacto da pandemia COVID-19 no tratamento do câncer

O impacto da pandemia COVID-19 no tratamento do câncer

Em 5 de maio de 2020, mais de 3,6 milhões de casos de coronavírus foram confirmados ao redor do mundo. Ao mesmo tempo, somavam-se mais de 250 mil mortes. E os números continuam crescendo. Enquanto muitas nações lutam para combater e controlar o vírus, com uma crescente sobrecarga dos sistemas de saúde, grande parte dos recursos está voltado para enfrentar a pandemia. Então, qual será o impacto do COVID-19 na vida dos pacientes com câncer e de seus médicos?

Estudos recentes mostram que os pacientes oncológicos são mais vulneráveis e pertencem ao grupo de alto risco na atual pandemia. A infecção por COVID-19 é, nestes casos, mais grave e letal, com maior risco de desenvolver complicações como admissão em unidade de terapia intensiva. Dentre todos os pacientes, os de risco mais elevado são aqueles com neoplasias hematológicas (ex. leucemias), os que foram submetidos a transplante de medula óssea e em quimioterapia.

Oferecer cuidado adequado ao paciente oncológico durante esta crise é desafiador. É preciso equilibrar o risco de avanço do câncer, seu tratamento e seu possível atraso versus o risco da infecção por coronavirus e a maior letalidade em pacientes imunocomprometidos. Além disso, as decisões devem ser tomadas caso a caso, considerando comorbidades, valores e preferências pessoais.

Em um esforço para controlar a transmissão comunitária do vírus, o distanciamento social foi recomendado globalmente. Para isso, as instalações de saúde implementaram critérios de pré-avaliação e avaliação dos pacientes. Assim como cirurgias programadas e consultas de rotina estão sendo postergadas para evitar a exposição e priorizar o cuidado daqueles que estão gravemente doentes. As recomendações reiteram sempre o valor e a dignidade de cada indivíduo e garantem acesso ao atendimento a todos de maneira alternativa. Um exemplo é a telemedicina, que consiste no uso de metodologias interativas de comunicação audiovisual e dados. A telemedicina poderá ser exercida em três maneiras:
1.    Teleorientação: orientação e o encaminhamento de pacientes;
2.    Telemonitoramento: monitorar parâmetros de saúde e/ou doença;
3.    Teleinterconsulta:  troca de informações e opiniões exclusivamente entre médicos.

O paciente com câncer não deve, em nenhuma hipótese, parar seu tratamento por conta própria. Toda decisão deverá ser feita com a equipe de saúde. 
Para os pacientes: 
•    Ficar em casa, quando não for dia de tratamento/consulta;
•    Sair, somente se indispensável, mantendo 2 metros de distância;
•    Utilizar máscara de proteção;
•    Lavar as mãos frequentemente com água e sabão, por no mínimo 20 segundos e/ou utilizar álcool gel 70%;
•    Evitar levar as mãos nos olhos, boca e nariz;
•    Cumprimentar à distância;
•    Não compartilhar objetos pessoais;
•    Evitar  o contato com pessoas com sintomas de gripe;
•    Higienizar regularmente superfícies e objetos (ex. celular) com álcool 70%;
•    Acompanhantes somente em casos específicos (ex. dificuldade de locomoção);
•    Vacina contra gripe;
•    Manter diariamente alimentação balanceada e hidratação.

Para os cuidadores:
Além das medidas gerais acima citadas,
•    Cuidar da higiene da casa, utilizar de preferência, água sanitária;
•    Limpar compras com álcool 70% ou água e sabão antes do armazenamento;
•    Tirar os sapatos antes de entrar em casa, se possível deixá-los do lado de fora;
•    Trocar de roupa, lavar as mãos com água e sabão até antebraço ou tomar banho (inclusive lavar os cabelos) antes do contato com paciente;
•    Deixar bolsa, carteira, chaves e celular próximos a porta de entrada.

Infelizmente, os efeitos do COVID-19 atingem toda a comunidade oncológica, com consequências inevitáveis para pesquisa, educação e pacientes. Para minimizar tais sequelas, políticas globais foram desenvolvidas e estão em constante atualização. Através delas, as  equipes multidisciplinares podem dialogar precocemente com pacientes e seus familiares, prevenindo decisões apressadas e que porventura não reflitam os desejos do mesmo.

Por fim, fica como dever da comunidade oncológica manter-se forte,  centrada em sua ética e seus princípios. As transformações continuarão acontecendo rapidamente, e adaptar-se é a saída, assim, com coragem e propósito, o paciente se manterá acolhido.

Dra. Cynthia Holzmann Koehler
Médica Oncologista Clínica do Complexo ISPON
CRM-PR 24783 | RQE 17606 


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