O doutor Gianlucca Correia Mansani, médico radioterapeuta do Complexo ISPON, foi convidado a participar do programa Manhã Total, da Rádio Lagoa Dourada, em Ponta Grossa. Durante a entrevista no programa matinal, apresentado diariamente por João Barbiero, Gianlucca falou sobre sua profissão, explicou detalhes da radioterapia e respondeu às dúvidas dos convidados.
Além do apresentador e de Gianlucca, a mesa contou com a presença do advogado Rudolf Polaco, do professor universitário Everson Krum e do produtor e jornalista Eduardo Vaz. Ao longo da conversa, o médico detalhou a atuação da radioterapia, destacando os tratamentos para os quais ela é mais indicada e explicando que, além do câncer, outras doenças também podem ser tratadas com essa técnica.
Gianlucca também respondeu a dúvidas gerais sobre o câncer e a quimioterapia, abordando questões que despertam curiosidade em grande parte da população, como, por exemplo: “Por que até hoje não se chegou à cura do câncer?”, “Antigamente havia menos casos de câncer?” e “Por que algumas partes do corpo apresentam mais casos da doença, como o câncer de mama?”.
Confira algumas perguntas que surgiram durante a conversa:
João: - O que é um médico raditerapeuta?
Gianlucca: - É um médico que faz parte da equipe de oncologia para fazer os tratamentos que vão envolver a radioterapia. No tratamento do câncer há três tipos de abordagem: cirúrgica, sistêmica (que envolve quimioterapia e imunoterapia) e a radioterapia. Essa é a tríade do tratamento oncológico.
A radioterapia é uma modalidade de tratamento, principalmente, oncológico. A gente pode tratar doenças que não são câncer, mas 95% dos pacientes que vão até a radioterapia são pacientes com câncer. Então, o paciente que tem câncer pode ser submetido à quimioterapia ou à radioterapia, pode passar por todos esses tratamentos juntos ou apenas por um deles, dependendo do tipo e da localização do tumor.
Rudolf: - Existe uma escala? Ah, a radioterapia é para quando o câncer está muito avançado! Ou é só uma escolha de tratamento?
Gianlucca: - É uma escolha de tratamento. A gente pode usar a radioterapia para tratamentos isolados em tumores simples, nos quais será feita apenas a radioterapia, quando é um tumor muito inicial e o tratamento é resolvido. Assim como posso usar a radioterapia para um paciente que está com uma doença muito avançada, e ela será utilizada apenas para aliviar um sintoma. Por exemplo, se o paciente tem dor por conta de uma lesão no osso, posso usar a radioterapia para aliviar essa dor, enquanto o tratamento dele será outro, mas utilizarei a radioterapia na paliação.
João: - Qual a diferença entre a quimio e a rádio? Na nossa cabeça, é assim: "Ah, o fulano está fazendo radioterapia, então está complicado, já foi para a rádio..." Então, qual a diferença entre os dois?
Gianlucca: - A quimioterapia é um tratamento sistêmico. É um remédio que, na maior parte das vezes, será injetado pela veia, embora também possa ser administrado por via oral. Esse remédio circula pelo sangue do paciente, atuando em todo o corpo. Ele mata as células tumorais do tumor primário, ou seja, o tumor original, mas também qualquer célula tumoral que esteja circulando pelo organismo. Já a radioterapia é um tratamento local. Eu utilizo a radioterapia para destruir o tumor primário ou uma lesão metastática, mas apenas naquela região específica. Ou seja, a radioterapia é um tratamento focal.
Eduardo: – Eu gostaria de saber se a radioterapia também trata outras patologias além do câncer.
Gianlucca: – Trata, sim. Como eu falei no começo, cerca de 95% dos pacientes que fazem radioterapia têm câncer, mas podemos utilizar a radioterapia para tratar algumas doenças inflamatórias e alguns tumores benignos de sistema nervoso, onde a cirurgia muitas vezes é complicada devido à localização da lesão. Também podemos usar a radioterapia para tratar malformações venosas dentro da cabeça e até para algo relativamente comum, que é a prevenção da formação de cicatrizes do tipo queloide, aquelas cicatrizes mais elevadas. Algumas pessoas têm tendência a desenvolver esse tipo de cicatriz.
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Fotos: Eduardo Vaz